Vida / Morte
Em cada grito que ouço,
a lembrança de mil homens acorrentados.
Em cada grito que cessa outros tantos libertados.
Não julguem que os gritos vão acabar,
porque o mundo onde vivemos é uma prisão.
Sempre que ouço gritar aprendo uma lição.
A preciosa vida é um jogo de bastidores,
onde vale tudo excepto demonstrar sentimentos.
Não passa de um aglomerado de lamentos.
Os que pensam que estão vivos
e não admitem o erro,
jamais alcançarão a pureza da morte.
Não passamos de zombies.
A nossa carne podre empesta o mundo das sombras
e cria bolor.
Nobres os eternos mortos
que, silenciosos, nadam no mar da tranquilidade,
sem esperança nem obrigações.
A verdadeira morte será para mim uma bênção.
A libertação.
Vem depressa.
Luís